domingo, 26 de abril de 2009

"Cildo"

Ontem assisti, durante o Festival É Tudo Verdade, ao documentário "Cildo"(de Gustavo Moura), sobre o artista plástico Cildo Meireles, cuja obra esteve ano passado na Tate Modern, de Londres. O artista transparece, no filme, serenidade, engenhosidade e humildade na mesma medida, desconcertante de tão genuíno. Das suas obras que estão no documentário, a que mais me comoveu foi "Missão/Missões (ou da arte de construir catedrais)". Um grande quadrado no chão coberto de centenas, milhares de moedas, liga-se a outro no teto por uma solitária e quase interminável fileira de hóstias. De ossos pendentes é constituído o outro quadrado... Além de ser suntuosa esteticamente (por ironia, como uma catedral, exageros à parte), guarda um silêncio retumbante...como o silêncio das catedrais. Relatando as experiências de sua vida que mais influenciaram sua trajetória e opção pelas artes plásticas, destaca algumas, como o fato de ter vindo morar em Brasília quando pequeno... As primeiras lições de espaço, tempo e imaginação foram dadas pela estranheza de uma Brasília em construção. O estranhamento convertido em comunhão primeira com o insólito ambiente ao seu redor: tratores, barro vermelho, um lago por ser feito. "Entrávamos em tubulações e saíamos 2 km depois", descreve, ou jogavam futebol ao lado de pneus gigantes esquecidos, dos tratores que iam e vinham. Para mim, foi ele quem forjou uma das melhores definições para a capital federal: "Brasília é o protótipo do maior esporte nacional: começar do zero..."

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